Escadas

Normalmente no processo de escolha de uma casa nova para morar, seja ela acabada de construir, em construção ou mesmo em segunda mão, são vários os critérios que temos em atenção e sem os quais nem sequer ponderamos mudar.

No entanto cada pessoa é única, assim como as suas opções e gostos e quando existe mais do que um interveniente na busca de casa, as coisas nem sempre são simples….!!!!

No meu caso, uns dos requisitos básicos é o fator monetário. Apesar de adorar ver casas e pesquisar o mercado imobiliário, não me faz sentido, apesar de muito tentador, apontar para casas que sei á partida não poder comportar economicamente…..sinto que é uma perda de tempo e por vezes uma sensação de irritação, que pode ser facilmente evitada.

Por isso, aponto para casas que “caibam” no meu pocket….

Feita esta primeira triagem ( e para mim, a mais importante, talvez), passamos aos itens seguintes:

Com garagem, arrecadação, elevador, se possível, uma despensa separada da cozinha, mais do que uma casa de banho, o número necessário de divisões que se adeque às nossas necessidades, tetos altos, luminosidade……, etc, etc….

São muitos itens a ter em consideração, sabendo que cada um deles encarece o imóvel e é sempre a somar!!!!!

Aquando da mudança de casa, vi balardiões de casas, detestei umas, gostei de outras, achei outras adoravelmente pequenas, mas fofas, outras que mais pareciam capa de revista, mas para morar, nem por isso.

Posso dizer que na altura fiquei “perita” em imóveis, com tanta pesquisa, visita e nova visita. Eu e a família toda, claro…!!!!

No entanto, visitámos uma casa, que desde a porta da rua, senti que era aquela….!

Foi uma sensação tão familiar e aconchegante, um cheiro tão conhecido e querido, que me transportou instantaneamente para as casas das minhas avós. Aquele cheiro a madeira das escadas, que nos envolve e nos convida a ficar. O som dos passos nos degraus, tão característico, anunciando sempre as visitas…. !

Fiquei logo rendida….a tudo, ao som, ao cheiro, à textura, á cor….até gostei do elevador

Claro está que, ao ver efetivamente casa, fiquei convencida que era a adequada para nós, até porque a opinião foi unânime.

Cada vez que subo ou desço as escadas, lembro-me sempre, sempre das minhas avós e da alegria que era ir para as suas casas.

Sabe-me bem senti-las a acompanhar-me no meu dia a dia e a fazer parte constante da minha vida.  As memórias por vezes acabam por ficar esbatidas no tempo, sem que tenhamos culpa disso, e nada melhor que certo cheiro, som ou toque, para as reanimar e as tornar novamente mais nítidas e sentidas.

É isso que esta casa me aporta, não só uma sensação de grande serenidade e felicidade por poder disfrutá-la com os meus mais que tudo, como ainda uma aproximação dos entes que, mesmo não estando entre nós, os sentimos intensamente.